Como
a cultura opera sobre nós? De que forma exerce influência ou nos afeta?
Seguindo o raciocínio do antropólogo brasileiro Laraia, destacam-se as seguintes
dinâmica da cultura:
1. A
cultura condiciona a visão de mundo do homem
A
cultura funciona como lente através da qual se enxerga e interpreta a
realidade. A cada cultura uma lente lhe é própria, de modo que, existem
diversas e multiformes maneiras de se entender a realidade.
As
programações morais, valorativas e comportamentais a nível social são resultado
de determinada estrutura cultural. Aqueles aos quais esses caracteres culturais
não são obedecidos, recorrentemente são reprovados no seu modo de vida.
Devido
a esse modo condicionante de interpretar a realidade, universalmente se percebe
um elemento que invalida o diferente valorativamente e gera por vezes violência
e intolerância: o etnocentrismo.
2. A
cultura interfere no plano biológico
Também,
a cultura interfere no modo como os indivíduos e sociedades relacionam-se com
sua dimensão corpórea. A cultura pode inclusive manipular elementos do inconsciente
do indivíduo a ponto de interferir nas operações biológicas das mais simples
até as mais complexas, citando, por exemplo, o caso das curas.
3. Os
indivíduos participam diferentemente de sua cultura
Não
é possível ao indivíduo apropriar-se de todos os elementos de sua cultura.
Cultura essa que na maioria das vezes tem um forte tom masculino. Um ponto
interessante é que os acessos a conteúdos mais profundo da cultura somente são
permitidos em decorrência de fatores etários.
É
justamente pela não capacidade de endoculturação plena que se oferece ao
indivíduos brechas de oportunidades da manifestação criativa de reformulação ou
criação de novos elementos culturais. Mesmo não sendo capaz de articular todos
os códigos sociais da sua cultura, cabe o indivíduo cultivar um mínimo
suficiente de conhecimento de sua cultura para sustentar seu status e ordenar e
regulamentar sua vida com os outros.
4. A
cultura tem uma lógica própria
A
cada cultura pertence uma coerência lógica própria. Cada cultura deve ser
entendida dentro das estruturações lógicas próprias que lhe conferem coerência
e articulabilidade. Não se pode transplantar modelos lógicos nas analise da
cultura alheia.
Não
existe assim, culturas de níveis diferentes, como se houvessem sistemas
universais de ascendência evolutiva, mas sim, simultaneidades culturais
independentes dentro da história humana. A cultura ordena a sua lógica seu
mundo circunscrito de determinada classificações interpretativas da realidade.
5. A
cultura é dinâmica
Diferentemente
de como um leigo poderia julgar a estaticidade de um determinado povo, o
antropólogo, a partir de uma acurada análise observatória, percebe as
transformações ocorridas não só no seu espaço cultural mais também a todos os
outros ambientes com os quais tem a oportunidade de observar e assim chega à
conclusão de que não existem culturas estáticas. Faz parte do próprio modo de
ser das culturas a dinâmica, que gera mudanças, transformações e que podem
ocorrer pelos mais diversos fatores e nas mais variadas ritmos de mudança.
Basicamente
a dinâmica cultural pode se dar de duas formas: as mudanças internas e as
mudanças externas. As mudanças internas são aquelas que se dão dentro do
contexto social e filosófico de um mesmo povo, normalmente seguindo um processo
lento e muitas vezes de difícil observação. Já as mudanças externas se dão
quando há o encontro com outras culturas e daí gera-se novas reformulações
culturais num processa mais acelerado. A compreensão desse caráter mutatório da
cultura é importantíssimo para que se possam evitar conflitos geracionais.