por Victor Breno
A
problemática sobre Deus sempre foi ponto central na reflexão especulativa da
filosofia ocidental. Convencionalmente chamada também de metafísica, tinha como
objetivo descrever e elucubrar inteligivelmente a respeito das dimensões
além-empíricas do mundo. Labutava em tratar dos problemas centrais da filosofia
teórica: Existe um Deus? A um sentido último para a existência humana? Para
onde caminha a história e a humanidade? A metafísica tornou-se uma das disciplinas
fundamentais dos sistemas filosóficos desde o nascimento da filosofia até o
século XIX.
Até
Nietzsche, todos os filósofos ocidentais começaram e desenvolveram seus
sistemas filosóficos tendo metafísica como seu início e o seu mais alto ponto
de reflexão. Desde Aristóteles, passando por nomes como Agostinho, Tomás de
Aquino, Leibniz, Spinoza, Kant, a problemática de Deus sempre instigou a
consciência filosófica durante as épocas.
Todavia,
diferentemente dos seus antecessores, Nietzsche pretende orienta sua filosofia
dentro de um espaço mais prático e em crítica radical a tudo o que existia já
não seguindo esquemas conceituais nem cosmovisões esquematizadas. Em sua
filosofia, ele rompe com a reflexão metafísica, dando início ao período chamado
de pós-metafísico. Isso não exclui totalmente a filosofia metafísica, mas sim
seu aspecto objetivo. Estabelece uma nova forma de filosofar, começando agora
com a problemática da moral e fundamentando o neo-ateísmo, um tipo de crítica
religiosa com aspectos mais práticos existencialmente. Para Penzo, em Nietzsche
não existe uma crise no pensamento metafísico, mas uma metamorfose desde,
tornando a crise a dimensão fundante do divino pós-metafísico[1].
A
Europa de Nietzsche, do século XIX, vivia em meio à grande clímax de progresso
científico e tecnológico. Com o processo contínuo de dessacralização do estado,
secularização dos espaços privados e públicos da sociedade e o desencantamento
das estruturas de pensamento dos indivíduos começa-se a perguntar: faz
diferença crer em Deus? Faz diferença acreditar que ele não existe? Neste
processo de formação de uma nova cultura surge Nietzsche, declarando que “Deus
morreu”. Ele critica a religião e a Deus como inimigo do potencial humano e que
eram como ervas daninhas contra a vida. Para ele a moral cristã só trouxe
conformismo e mediocridade aos homens.
Na
tentativa de sintetizar e esquematizar seu pensamento, cinco temas centrais que
perpassam sua filosofia do início ao fim podem ser postos: a morte de Deus, o niilismo, o super-homem, a vontade de potência e o
eterno retorno. Acredito que, tomando e entendendo brevemente cada um
desses conceitos de Nietzsche, poderemos chegar a uma compreensão mais clara a
respeito de sua idéia sobre Deus.