Talvez
nenhuma das experiências da espécie humana seja tão significativamente representativa
quanto à da contemplação estética. Ela parece ser aquele momento inominável do
qual a percepção da transcendentalidade do mundo dado, a nós, se manifesta. A
opacidade do conceito não apreende sua significância deixando-lhe escapar
justamente aquilo em que consiste sua essência. Maravilhados, somos tomados por
sensações as mais diversas, diante do que nos açula às realidades mais intimas
do ser e sua relação com o universo.
Não
por acaso o fenomenólogo Rudolf Otto ao tentar argumentar sobre as relações dos
elementos irracionais e racionais da noção divina tem de recorrer à
experiência musical como comparação expressiva dos sentimentos do mysterium tremendum, visto que o aparato gramatical a sua disposição deflagra uma incapacidade de categorização. Exemplo para nós
hoje vem dos filões da música erudita, rememorando clássicos como
os concertos de Tchaikovsky ou as peças de Wagner que encantam pela beleza fascinas e que apontam para dimensões que os mais elaborados argumentos não alcançam.
Por certo é que não
apenas filósofos, mas principalmente os artistas e poetas, reproduziram os
conteúdos mais abscônditos da vida em suas multiformes expressões. A arte constitui-se como argumentação privilegiada sobre a constituição da condição do existir. Um dado também é importante destacar: apreciar e
ser provocado pela arte de Toulouse-Lautrec, Diego Velásquez ou Goya, por
exemplo, deixa de ser programa de burguês/intelectual e passa a ser um
exercício particular de refinamento do espírito que busca uma existência histórica
comprometida com a vida.
Outro exemplo como modelo. Apesar
dos tempos relativamente cépticos do século XIX na Europa no que diz respeito à
religião, o francês Victor Eugène Delacroix deflagra a cena mais dramática do evangelho, a
crucificação do deus-homem na cruz. Com a capacidade extraordinária de representar o episódio climax do cristiasnimo pela pintura, largo as
palavras das quais são secundária neste exercício de obsevação e deixo que o quadro fale...
Fantástico!!!
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