quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

# Série: Teologia da Missão Integral - Um pouco de História


por Victor Breno


Por volta da década de 60 e 70, os evangélicos de todo o mundo percebendo a descristianização da sociedade ocidental e a grande quantidade da massa populacional do mundo que ainda não tinha conhecimento do Evangelho, resolveram reunir-se para juntos levantarem reflexões e estratégias sobre a evangelização mundial. A partir destas percepções, diversos congressos de pequeno porte eram realizados com esse fim. Porém, vendo a necessidade de uma maior participação dos cristãos espalhados pelo mundo e de um maior diálogo e engajamento pelas igrejas de diversos lugares do globo, organizou-se dos dias 16 a 25 de julho do ano de 1974, na cidade de Lausanne, Suíça, o primeiro Congresso Mundial de Evangelização. 
O Congresso realizado em Lausanne foi patrocinado pelo Ministério Billy Graham com uma convocação bastante conservadora. A evangelização programada que se queria propor aos participantes era de vertente conversionista, que gerava uma descontinuidade entre indivíduo e sociedade. Esse conceito estava estampado nas inúmeras agencias de missão norte americano de corte fundamentalista, subsidiários da realização do evento.
Um grande debate durante o congresso ocorreu em torno da extensão da missão. Houve ali uma pressão no sentido de se identificar a missão apenas com a evangelização, de se ignorar qualquer consideração a respeito do papel que o contexto cultural e os condicionamentos ideológicos tinham sobre a teologia e a prática missionária, e de dar prioridades às vozes dos teólogos do primeiro mundo nas conclusões.
 Todavia, houve uma guinada na matriz teológica orientadora do congresso. Com o apoio do Dr. John Stott, um dos líderes do encontro, representantes da América Latina puderam expressar suas idéias. A participação de alguns teólogos latino-americanos foi fundamental nesse sentido. A presença latino-americana no congresso de Lausanne colocou em pauta a necessidade de se refletir sobre as estruturas sociais e os contextos culturais dos povos onde a missão se realiza.
Do evento, foi produzido um documento chamado de Pacto de Lausanne, que se firmou como o marco da Missão Integral. Nele procurou-se estabelecer referenciais teológicos que favorecessem um maior engajamento em projetos locais e em iniciativas missionárias. Foi a partir do Pacto de Lausanne que se consolidou o anseio de uma geração de produzir uma missão integral. O Pacto de Lausanne representou a possibilidade concreta de renovar os modelos missionários pelas igrejas locais para um maior engajamento na sociedade nas quais estavam inseridas.
Com o lema ‘’o evangelho todo, para todo o homem, pelo mundo todo’’, a Missão Integral a luz do Pacto de Lausanne começa a representar um novo paradigma nos conceitos missionais nas quais as igrejas locais e toda reflexão teológica deveriam rever seus conceitos e práticas missionárias para uma percepção mais Bíblica e contextual do Evangelho do que tradicionalmente se tinha concebido.
O Congresso Mundial de Evangelização em Lausanne, Suíça, representou muito mais que apenas mais um congresso sobre evangelização. Ela corresponde à realização das expectativas dos cristãos latino americanos na formulação de uma teologia própria que lhe dessem fundamentação e discernimento no cumprimento da sua vocação missionária em seu contexto específico.

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