terça-feira, 17 de abril de 2012

# Experiência como evidência de fé: benefício ou malefício para a proclamação do evangelho?


por Pedro Jonatas (Bacharelando em Teologia)

Em uma era pós-moderna, onde o relativismo ganha adeptos a cada dia, a proclamação do evangelho através da experiência de fé vem se tornando o meio mais viável. E aquela proclamação histórica tradicionalmente usada pela igreja, vem perdendo sua eficácia. Mas seria essa afirmação verdadeira? A proclamação evidencial-histórica está com os seus dias contados?
Em sua obra “A proclamação do evangelho”, Karl Barth diz: “Nós não temos que expor a verdade de Deus sob uma forma estética usando imagens inúteis ou apresentando Jesus Cristo através de efusões sentimentais”. (BARTH, 1963, pag. 5). Entretanto, um grande erro que pregadores atuais cometem é afirmarem que sabem que na plateia tem pessoas infelizes e que tem um vazio grande dentro de si. E convidam as pessoas a vir à frente “aceitarem Jesus” para começarem a ter uma vida feliz. E afirmam que antes de aceitarem Jesus eles viviam uma vida infeliz, mas depois da conversão andam alegremente. Tais pregadores têm que ter em mente que também há felicidades na vida das pessoas que não são cristãs. Como muitos budistas acham suas vidas perfeitas, nos fazendo entender que o sol nasceu para todos. E quando é usada a vida de pessoas que antes eram uma coisa e agora são outras para pregar o evangelho, acabam afirmando que da mesma forma que Deus agiu na vida daquela pessoa, Ele deve agir na vida da pessoa que o aceitar.
Ou seja, se Deus deu um carro e uma casa para aquela pessoa que foi usada como exemplo, o ouvinte deve pensar que se aceitar esse Jesus, vai ganhar também presentes de Deus. O que esses pregadores devem fazer é começarem a pregar uma mensagem autentica, pois quem convence o homem do pecado da justiça e do juízo é o Espírito Santo. Se a experiência é valida, o budista e o cristão possivelmente têm a mesma fé, expressa de uma forma bastante diferente. Na realidade a pregação tem que ser sobre a cruz de Cristo, e que eles devem reconhecer Jesus Cristo como Senhor da vida deles não para ganhar presentes, mas para ter a vida eterna.
A igreja cristã tem como dever recusar a aceitar ideologias temporárias da modernidade que modifique a essência do cristianismo. E deve isso a posteridade, pois a dois mil anos, pessoas lutaram para que a ortodoxia e a ortopraxia cristã fosse preservada. Contudo, como diz Russell Norman Champlin: “A ênfase demasiada sobre as experiências religiosas tem dado margem a uma multidão de grupos carismáticos que não dedicam tempo ao estudo bíblico sério, o que significa que seus membros não têm fortes alicerces para a fé cristã”. (CHAMPLIN, 2008, pag. 634). E é isso que a pregação baseada na experiência faz, gera cristãos que não sabem defender sua fé. A falta de teologia deixa o povo sem conhecimento, ou seja, sem um alicerce firme. Com isso, proclamam o reino de Deus através de suas experiências, deixando de ecoar o que Jesus disse. Mas na verdade é como Karl Barth diz: “A pregação é a Palavra de Deus pronunciada por Ele mesmo”. (BARTH, 1963, Pag. 4). Isso significa que devemos levar a voz de Jesus para as pessoas, mas sem incluir a nossa voz, porque na verdade ela não serve para nada.
Devemos voltar ao modo clássico de pregação, e orar a Deus por um avivamento genuíno no Brasil. Mas lembrando que Avivamento é sacudir a comunidade para voltar para a fé cristã, e sua centralidade é a cruz e o juízo. Mas isso só é possível através de uma pregação cristocêntrica baseada nas Escrituras. A partir de agora é um questão de escolha, aderir à pregação através da experiência, para obter quantidade. Ou aderir a uma pregação cristocêntrica, para obter qualidade. O que é melhor? Sem duvida o que em breve vai acontecer, é que povo vai ficar saturado desse tipo de sermão, e vão à procura de alimento sólido.


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